Desde os primórdios do homem, existem ilustrações de seus ritos de caça e, depois da descoberta do fogo, do alimento preparado com ele. Portanto, falar da origem do hábito de assar a carne pode nos levar muito lá para trás. Mas o início do nosso churrasco, como conhecemos, pode estar relacionado à chegada do gado a nossas terras, em 1534, graças a Martim Afonso de Sousa (1500-1571). Aproximadamente cem anos depois os jesuítas levaram os bovinos ao Rio Grande do Sul, região de grandes pradarias, pastos espetaculares, muito bom clima e água abundante - perfeita para a criação do gado.
Nas grandes fazendas dos criadores, era comum que, uma vez por mês, um animal fosse abatido. Conta-se que o boi era sacrificado de véspera, para que se maturasse a carne durante um dia inteiro com o objetivo de amaciá-la. Tiravam-se o couro do animal (que tinha seus usos) e, depois, o matambre (a carne que cobre as costelas), que era assado e servido como entrada. A cozinha do dono da fazenda ficava com o filé, o contra-filé, o lagarto, a picanha, a alcatra e algumas partes do dianteiro. Rabo, bucho e patas (as carnes não aproveitadas para consumo eram salgadas: eis o charque) eram levados para a casa dos administradores. Para os peões sobravam as costelas, e daí nasceu o nosso churrasco, pois eles as temperavam com sal grosso e as levavam ao braseiro, em um ritual acompanhado por músicas na viola e contação de casos. Aos poucos, demais carnes foram incorporadas, e esse hábito deixou de ser restrito aos peões, pois contagiou a todos.
O nome do prato tem explicações variadas. Alguns estudiosos afirmam que vem de uma época anterior à presença dos romanos na península Ibérica e que derivaria da palavra sukarra ("incêncio"). Em castelhano, teria surgido a forma sokarrar. Variações ocorreram na Espanha, e chegou-se ao termo churrascar. Há, ainda, espanhóis que sugerem que se trata de uma palavra de origem onomatopeica, pois ilustra o som que a gordura produz ao gotejar sobre a carne.
Para os que não sabem, em inglês, churrasco se chama barbecue. Assim como alguns outros termos utilizados pelos amigos norte-americanos, este tem sua origem no francês: barbe et queue (literalmente, "do bigode ao rabo", pois grupos costumavam se reunir e assar esses animais inteiros, para depois saboreá-los com muita bebida e boas conservas).
Dicas Para Organizar Uma Festa Com Um Bom Churrasco
Indiscutivelmente apropriado para o almoço, uma vez que se come à vontade, a oferta e a variedade são grandes, e poucos são os que conseguem resistir àquela carne quentinha saída da grelha e a todas as outras iguarias que virão diretamente da brasa para você. Os vegetarianos estão excluídos da carne, é claro, mas não da festa, pois sem dúvida há opções verdes agradáveis e apetitosas para todos.
O churrasco pode ocorrer tanto na própria casa como, muitas vezes, em casas de veraneio, sítios, chácaras etc. Assim, tudo o que for dito aqui é passível de ser adaptado de acordo com o local em questão. O fundamental é ter certeza de que a fumaça a ser produzida por esse ritual terá escoamento garantido (Ninguém vai sentir prazer em ser defumado durante um evento). Caso não tenha churrasqueira ou grelha específica, procure fazer essa festa em um local bem ventilado.
Assegure que em uma mesa estejam pratos, talheres e guardanapos dispostos de forma elegante. Nada de talheres amontoados em uma cesta; é deselegante demais. Em relação aos guardanapos, podemos utilizar os de papel, mas nada melhor que utilizar os de tecido, pois são mais elegantes para uma festa. Assim, uma sugestão simpática é usá-los para embrulhar pares de garfo e faca separadamente, de forma que essa trouxinha mostre as pontas dos talheres. Disponha essas trouxinhas próximas aos pratos. A cor dos guardanapos deve seguir a proposta escolhida para a decoração.
O apoio ou aparador pode servir como a base para todos os acompanhamentos da carne, como um grande buffet. Uma cesta com pães em grande quantidade (cujo consumo é alto) também deve estar ali.
É ideal que, se você tiver espaço, separadamente crie um bar, mesmo que seja um self-service. Totalmente permitido que se coloquem, em grandes tinas com gelo, latinhas de cerveja e de refrigerantes, das quais cada um possa se servir. Lembre-se de deixar perto dessa tina - e também espalhadas pelo ambiente - simpáticas cestas para o descarte das latinhas.
Caso queira, nesse mesmo bar podemos ter um preparador oficial de caipirinhas, hoje com a opção de, além da precursora cachaça, elaborar essa bebida com vodca ou saquê, em uma infinidade de sabores que não apenas o velho e conhecido limão.
Uma boa dica é alugar o serviço de um chopeiro, que ali se colocará levando sua própria máquina de chopp e servirá a todos conforme a vontade destes.
Para padronizar o serviço de copos, opte pelo Long drink. Esse modelo acomoda bem vários tipos de bebida, com exceção dos vinhos, que também estarão disponíveis. Assim como guardanapos de papel, por mais transados que possam ser pratos e copos descartáveis, eles nunca serão sofisticados. Use os tradicionais.
Trata-se de uma ocasião que pode ser extremamente informal, mas isso não significa esculacho. A agilidade no serviço (muitas vezes, conseguida até com cada um se servindo independentemente) é fundamental, porque carnes frias perdem completamente a graça - inclusive seu aspecto visual não é mais tão interessante.
Os aperitivos perfeitos: linguiça fatiada, servida em porções, coraçõezinhos de frango, mandioquinha frita e costelinha. Pode parecer pouco, mas lembremos que isso serve apenas para aguçar o que está por vir - até porque, pela quantidade de carnes e pela extensa duração deste evento, é de imaginar que as pessoas comerão mais que o habitual. Portanto, não estrague seu apetite.
Muito simpático que você deixe espalhados pelo local, potinhos de amendoins e mix de nuts, agradáveis de serem petiscados. Minipães de queijo são uma boa opção para os aperitivos.
As pessoas irão diretamente até a grelha ou churrasqueira e ali serão servidas ou se servirão, mas é indicado que exista alguém - mesmo que seja um dos convidados - sempre a postos para fatiar a carne. Fundamental que se trate de alguém que saiba fazê-lo da maneira apropriada: isso evitará que cada um estraçalhe a carne de qualquer jeito. As vermelhas (tanto cruas quanto assadas) devem ser sempre cortadas no sentido do fio da carne, em fatias finas - salvo, é claro, receitas específicas, como um tournedor ou um medalhão, por exemplo.
A escolha das carnes será determinada por suas preferências, mas, além das variações de corte das bovinas, linguiças são sem dúvida indispensáveis, e frango constitui uma ótima pedida para contentar aqueles que não comem carnes vermelhas. Há também quem goste de cordeiros e de pescados. É por sua conta.
Conta-se, como base geral, 300 gramas de carne pura por pessoa (incluindo cortes e linguiças).
Como acompanhamentos frios, temos a companheira inseparável dos churrascos - a maionese de batata - e uma linda e fresquíssima salada, com direito a ovos cozidos, palmitos, aspargos... Capriche, porque elas poderão ser os pratos de resistência de alguém que não se renda aos prazeres da carne. Disponibilize uma bela molheira, pois, ao deixar a salada já temperada, a tendência é de que esta murche e perca o viço.
Arroz é fundamental, desde o delicioso branquinho e bem soltinho até suas variações, como carreteiro e biro-biro (carreteiro com ovo, farinha e batata palha).
A farofa feita na hora é insubstituível.
Não se esqueça de preparar um caprichado molho vinagrete e um bom molho de cebola em rodelas.
Se você faz parte desta agremiação - a dos fãs da cebola -, lembre-se de aumentar um pouco sua distância ao conversar com outras pessoas. Ou esteja sempre prevenido com refrescadores de hálito, como balinhas. Os não-sócios do clube não vão achar a menor graça naquele bafão acebolado.
Da grelha também, hoje estão totalmente em moda os espetinhos de queijo de coalho, contribuição vinda do Nordeste que realmente é de dar água na boca.
Há ainda uma turma adepta das bananas cozidas na grelha.
Aqueles espetinhos prontos podem ser superpráticos e, eventualemente, até baratos, mas garanto que não é um visual sofisticado ficar atracado naquele palito arrancando pedaços de carne entremeados por cebolas. E há a pergunta que não quer calar: o que fazer com as varetas depois de degustados os cubos?
As sobremesas devem ser leves e refrescantes: frutas frescas ou até mesmo uma boa salada delas cumprem essa função. Sorvetes de frutas, também, desde que haja serviço e manutenção para conservá-los.
Fonte: Arruda, Fabio. Faça a festa e saiba o porquê: etiqueta e comportamento do Carnaval ao Réveillon. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009.
Fotos retiradas da Internet.
Adorei as dicas, vou fazer sempre! Aqui em casa, se faz muita carne, principalmente churrasco!
ResponderExcluirboa tarde!
Ou seja, é uma maravilha! Eu queria ser vegetariana, mas sou um tanto leonina mesmo!
ResponderExcluirAmiga Estela,
ResponderExcluirEsse churrasco é pra gaúcho nenhum botar defeito, e gostei muito de saber da história do início do churrasco.
Parabéns pela postagem.
Grande Abraço.
Roni.
Oi Estela,
ResponderExcluirBoas dicas, eu gosto de churrasco e adorei seu post.
beijos!
Olá Estela,
ResponderExcluirComo bom gaúcho adoro um churrasco, só esta reportagem já me deu água na boca.. Delícia..
Abraço
Pense que foi numa boa hr em ver essa postagem. Isso que é preparar o estomago. ahahah
ResponderExcluiradorei, deliciosamente legal.
abçs
Que me perdoem os vegetarianos e os pobres bois, mas mesmo não sendo gaucho, gosto muito de um churrasco bem preparado e lógico com todos os acompanhamentos pertinentes ... uia.
ResponderExcluirQuerida Estela
ResponderExcluirSuas dicas sempre são excepcionais.
E como não aproveitar uma belo encontro para um churrasco, não é mesmo!
Beijos
Aqui em casa, o churrasco acontece pelo menos uma vez por mês... Transformo meu carrinho de chá em aparador para os petiscos e saladas, uso a churrasqueira de inox (a vantagem é que é móvel) e saboreamos a maminha na brasa...
ResponderExcluirBom demais!
Abraços,
Yolanda
Amiga, que beleza de blog! Parabéns!
ResponderExcluirCom relação ao post, acredito que não seja uma tarefa fácil realizar uma festa elegante com churrasco; grata por compartilhar as dicas. Aliás, este post me deu até "água na boca"! rs
Grande abraço!
Nada como um bom churrasco no fim de semana com a família. abraços
ResponderExcluirAh, isso é que são dicas, mesmo não sendo gaúcha, adoro um churrasco. Adorei as dicas todas e vou pensar nisso na próxima vez que eu preparar um churrasco... As pessoas sempre acham que fazer churrasco é só colocar a carne pra assar e pronto. Ledo engano, esse post nos ensina que podemos torná-lo uma festa. Abçs
ResponderExcluirEstela, parabéns pela sua conquista. O seu Blog merece ter várias notícias no Ocioso, pois é um charme. Beijos. Obrigada.
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirEstela,
o post esta completo. Perfeito! Parabéns!!! Brigadão por tantas dicas super bacanas agora os meus churrascos terão mais qualidade...Beijão no coração e fica com Deus
Amiga Estela,
ResponderExcluirFoi mais do que merecida essa publicação no Ocioso.
Essa postagem está perfeita, além de dar uma fome danada. rsss
Parabéns!
Grande Abraço.
Roni.
Churrasco? Só raramente! Mas que o seu texto e as explicações estão pra lá de interessantes, isto, com certeza, estão!
ResponderExcluirEssa foi de matar! Passei aqui para te desejar uma boa tarde e pra te avisar, seu link já foi publicado!
ResponderExcluirObrigado por colocar nosso banner!
Obrigado por nos prestigiar.
Atenciosamente.
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